
Vivo o que me resta, mesmo na avaria
Quero a velhice plena, de sabedoria
Numa sociedade justa de minha decência
Porque na vida sou hábil experiência.
Não quero ser seu óbice, ser empecilho
Nem o estorvo a atrapalhar, ser obstáculo
Muito menos a insapiência, incapacidade
Nem ser devoluto confesso da ociosidade
Não quero ser sinônimo de morte
Tampouco o desamparo da sorte
Nem ser abandonado na solidão
Não desejo ser objeto de cavilação
Não quero ser considerado sapato velho
Nem o remorso da violência,(é um conselho)
Não quero ser qualificado de desperdício
Nem tampouco caderno de rascunho, enguiço
Quero a merecida gratidão de colibri
Ser reconhecido ao que produzi
Quero o respeito pelas falsas ilusões
E pelos concretos que deixo, das convicções
Quero a dignidade da longevidade
Do progresso fiz parte, na possibilidade
Quero dos direitos civis, bom tratamento
Quero o amparo, respeito e reconhecimento.
De ingratidão só aceito a do implacável tempo
Por minha perecível e inegociável degradação.
Lufague