Imagem net Amo-te Brasil, mas, meu amor não é incondicional Quisera eu, tudo ser mais fácil na vida de nossa sofrida e alegre gente, Mas, parece tão difícil conciliar esse desejo de querer fazer e poder realizar.
Amo-te Brasil, mas, meu amor não é incondicional Reconheço tua conivência e benevolência... Aos desertores da construção de nossa ilusão, que só querem em tudo levar vantagens E na própria usura e cobiça, se tornam algozes, vazios, mas não estão nem ai...
Amo-te Brasil, mas, meu amor não é incondicional Sei bem que és um país desigual, crescente em tua violência Tuas imensas chagas fétidas e doridas sangram, De teu peito vazio, desprovido e ainda tão juvenil.
Amo-te Brasil, mas, meu amor não é incondicional Bem reconheço que ainda acolhes em teu berço esplendor Argamandéis, vigaristas, perdulários que de ti se alimentam
Amo-te Brasil, mas, meu amor não é incondicional Quando em tuas descoradas vestes, verde/amarela/azul e branca No se fantasiar no “país das delicias” de futebol à carnavais Na imensidão de teu atlântico de lentidão e negligência
Amo-te Brasil, mas meu amor não é incondicional Quando meus olhos em inflexões do observar Não consegue enxergar em ti, somente poesia!
Imagem net Sou mulher, sempre prenhe... Prenhe de vida... sou fêmea,sou mãe Porque meu ventre é acolhedor Tudo em mim é semear, é germinar Minha sensualidade é úmida, úbere Quando banhada de águas e maresias Perfumada de verdes seivas, Sou tão imensa quanto fecunda Minha sensibilidade é arrebatadora Minha natureza pode ser temperamental Quando me revolto da cobiça do filho homem, No descuido da fauna, da flora de seu bem viver Renovo-me em temporadas das estações... Meus grandes aliados, o tempo e o vento O que me fertiliza, à luz do brilho do mais que amante sol De grãos fecundados de mim, brotam à vida... Vida quando matéria efêmera acolho em seu decompor A torná-la semente fecunda, a fazer brotar, a renascer de mim, porque sou abrigo, sou ninho, sou ultimo refúgio.
Paira no azul do céu cinza/branco, nuvens carregadas Um misto de leves chumaços de brancura inofensivos, Como o lúdico algodão doce de sonhos, misturando-se As ameaçadoras partículas de tóxicos gases, carregados De enxofre, carbono, silício e vidro. È o céu na dualidade de Beleza e ameaçadora feiúra, a propagar-se na atmosfera... Leve poeira expelida do vomito de um vulcão que desperta Enjoadiço, incomodado de seu profundo sono, fina poeira toxica em nuvens a interferir no clima,a bloquear o calor do sol e a impedir que nela se possa literalmente voar.Mas, em sua dualidade permite-se aos sonhos do contemplar,ao se deixar apreciar quando se transforma em prisma, colorindo lindamente à luminosidade do ocaso, oferecendo lindos entardeceres.Nada de extraordinário, é só a mãe natureza em sua força, poder e sabedoria a nos fazer lembrar nossa fragilidade diante de seu imensurável poder.
Em uma amostragem estatistica de um fato social, fui um pacato trabalhador, resolvi morar eternamente no lixão, por escolha e não contingências, só minha própria decisão. Assumi o risco sozinho, afinal bem merecia à bela vista! Já que fui bem provido na vida de posses,resolvi exatamente por isso,só à bela vista!...
Porque tudo me foi bem esclarecido, era um lixão aterrado, aterro técnico, sem problema algum, em total consistência estrutural,sem riscos provenientes, afinal de contas, confiei inteiramente no bom senso de responsabilidade social dos políticos de minha cidade e se foram permitidas construções de moradias no lixão, é porque lá tem a mais bela vista!
Outras boas alternativas me foram oferecidas, moradias com serviço de saneamentos, pavimentações, transportes, tudo na dignidade de meus direitos,mas optei morar no lixão por uma bela vista! Justo porque confiei na obrigação democrática de meus governantes. É certo, que lá muito sentia o cheiro de gás metano expelido do lixo em decomposição, mero detalhe logo abaixo de minha bela vista!
Por fim, lá podia contemplar a bela mãe natureza e o futuro que o destino soterraria... Mas quem quer culpar só o destino e à natureza por tal desumana e insensível calamidade?
Nesse dia especial acordei deslumbrada, ao perceber raios de luminosidade a vaguear as paredes dos meus sentimentos. O sol dourado brilhava em parceria com a lua prateada sem concorrências ou dependências, as nuvens silenciosas e translúcidas desenhavam o céu azul anil em formas imagináveis, não eram nuvens passageiras, eram adornadas por vários arco-íris cintilantes colorindo o céu.
Pairava sobre o dia orvalhado, uma leve neblina transparente e perfumada de jasmins, os pássaros gorjeavam em suave sinfonia, orquestrada pelas serenas cigarras a anunciar o balé sincrônico das coloridas borboletas.
O dia estava florido de primavera, as rosas exalavam suaves odores de paz, mas o colorido das folhas eram matizes rubras de outono, o clima ameno de um adorável verão, acasalado com a umidade do inverno a refrescar,adejava no ar a certeza de um mundo encantado, as noticias nos meios de comunicações, badalavam harmonia entre os povos, não existiam misérias, penúrias, nem conflitos, em meios a gestos, palavras e afetos.
Era o dia em enredo de confraternização e nem era Natal,o otimismo pairava no ar, o entusiasmo era contagiante.
Homens e mulheres espiavam pelas janelas a se certificar desse dia encantado de festa, a sorte oferecia-se com aroma de boas surpresas, as crianças brincavam ao avoar de bolhas reluzentes de sabão,a voz do vento se oferecia a guardar segredos, o mar sereno, mostrava-se em límpidos reflexos de luzes,alegria alegria! o dia vivia seus momentos de prazer... Nem imaginei que logo iria anoitecer.
Mas esse tempo afortunado fica nas asas da imaginação, só queria homenagear esse dia que celebra a dualidade da verdade, esse dia real de sonhos, ou será só primeiro de Abril?