Imagem Google.
Repensando a máxima que aos “quarenta anos somos a velhice da juventude
e aos cinquenta anos somos à juventude da velhice”, dou-me o prazer de
entender que o tempo tem como missão factual os ensinamentos inerentes à vida e com a idade aprendemos por vontade, coragem, atitude ou até mesmo efeito osmose.
Ganho a capacidade de entender a implacável ação do tempo na missão de
envelhecer e envelhecendo torno-me consciente dos efeitos do tempo que
se veste de meu cotidiano, de minha rotina, quando me torno mais amável
comigo mesma, em estado ciente de autoestima, não preciso de criticas,
censuras, nem obedecer aos sutis mandamentos de deveres já
estabelecidos.
Ganho a capacidade em compreender meus direitos
e meus desejos e porque não minha corajosa teimosia? Dou-me ao deleite
de experimentar a vida, dou-me ao prazer de conhecer a liberdade como
doce/maduro fruto do envelhecimento. Dou-me ao agrado de libertar-me das
convenções, o dever das justificativas, das satisfações, do demasiado
valor que damos ao que os outros pensam de nós, valores que quando
jovens utilizamos como prioridades.
Ganho a capacidade de
entender que preciso mergulhar de cabeça nas ondas do tempo que faz de
meu físico um corpo decadente, mas, em contrapartida lapida com destreza
meus sentimentos, minha aceitação no entendimento de que o tempo não
privilegia nada nem ninguém. Dou-me ao agrado de compreender meus
sofrimentos, minhas dores, minhas decepções, como quereres e ou
merecimentos.
Ganho a capacidade de entender que a revelia meu
coração pode ser partido pela ação do tempo em consequência dos
relevantes acontecimentos, mas, dou-me a satisfação de conhecer a
imperfeição, o prateado de meus cabelos brancos, os sulcos tatuados das
marcas de expressão de meu rosto em total paradoxo que me “enfeiam” e me
embelezam de experiência sábia.
Ganho a capacidade de negar
com veemência a negatividade da vida, por entender ser absoluto tempo
perdido, e o contentamento de compreender que o tempo que nos resta é
contabilidade transcendental e a principal moeda dessa barganha
vida/tempo é o ganho liquido, Felicidade!
Lufague
Seguidores
sábado, 23 de fevereiro de 2013
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
Realidade de um sertanejo nordestino e seu dialeto.
Imagem Google
Zé mora num barraco de pau a pique, (barro e talos de madeira) com telhado de palha de carnaubeira, um chão de barro batido, pra não causar muita poeira, paredes de fora caiadas de amarelo queimado (cor laranja). Como mobília tem Zé; no canto da sala, um pote de barro pra esfriar a água de beber barrenta, um banquinho feito do tronco da carnaubeira porque dela se aproveita tudo, até a cera. Um fogão de barro à lenha, uma panela, uma caneca de alumínio reluzentes, luzidos com areia, um pratinho de ágata e uma colher de pau, pendurados na parede: uma rede de dormir pendente no armador e um lampião a querosene. È esse o patrimônio do Zé.
O dia do Zé começa cedinho, com o canto distante de um galo que lhe desperta ao alvorecer. Veste sua roupa desbotada do sol, calça suas surradas alpercatas (sandálias de couro), na cabeça, seu chapéu de palha.
Lá vai o avexado (apressado) Zé, ao açude mais próximo, umas tantas léguas, buscar sua água meio barrenta em sua lata de zinco, por uma estrada morta de chão encarnado (vermelho). Logo volta Zé ao seu barraco e prepara sua boia, uma gororoba (comida de má qualidade) feijão meio encruado, temperado com pimenta malagueta, farinha e alfenim (tipo de rapadura).
Zé vai a luta não fica de flozô (atoa, sem fazer nada), vai ao seu pequeno roçado, capinar a terra seca. Na esperança de uma chuvinha, mandada por São Pedro, pra fazer seu alimento brotar, isso seria pau d´égua (legal). Enquanto labuta ao sol, certamente sonha com um pão sovado (de massa fina) e uma panelada (prato feito de tripa e bucho de boi).
Ao fim da tarde meio baqueado (fraco, triste), toma Zé o rumo de casa, ainda vai à baixa da égua nas brenhas, (lugar distante, difícil acesso), pegar uns gravetos de lenha seca, pra seu fogo atiçar. Já quase noite volta Zé de sua labuta, meio ingembrado (torto) cansado em sua inhaca (mau cheiro de sovaco), com seus gravetos de lenha no ombro. Na cabeça, um pensamento da melhor hora do dia, o seu lazer, uma dose de cachaça só pra ajudar a dormir, porque cu de cana (cachaceiro) ele não é.
Seu sonho atrelado à desesperança de um dia talvez, ter um futuro um cadim (pouco) melhor.
Cabra invocado (corajoso) esse Zé!
Zé, um cabra macho, (homem
valente), cabeça chata (cabeça angulosa, típico de cearense), batoré,
(baixinho), um cambito, (perna fina) presepeiro (espalhafatoso) devoto do padim
(padrinho) Padre Cícero, e sozinho.
Nascido no sertão brabo, onde a terra é esturricada de tão seca porque ali nunca ou quase nunca chove. De verão a verão por lá não tem estação, nem mesmo a de trem tem lá... È sol a pique de rachar.
Nascido no sertão brabo, onde a terra é esturricada de tão seca porque ali nunca ou quase nunca chove. De verão a verão por lá não tem estação, nem mesmo a de trem tem lá... È sol a pique de rachar.
Zé mora num barraco de pau a pique, (barro e talos de madeira) com telhado de palha de carnaubeira, um chão de barro batido, pra não causar muita poeira, paredes de fora caiadas de amarelo queimado (cor laranja). Como mobília tem Zé; no canto da sala, um pote de barro pra esfriar a água de beber barrenta, um banquinho feito do tronco da carnaubeira porque dela se aproveita tudo, até a cera. Um fogão de barro à lenha, uma panela, uma caneca de alumínio reluzentes, luzidos com areia, um pratinho de ágata e uma colher de pau, pendurados na parede: uma rede de dormir pendente no armador e um lampião a querosene. È esse o patrimônio do Zé.
O dia do Zé começa cedinho, com o canto distante de um galo que lhe desperta ao alvorecer. Veste sua roupa desbotada do sol, calça suas surradas alpercatas (sandálias de couro), na cabeça, seu chapéu de palha.
Lá vai o avexado (apressado) Zé, ao açude mais próximo, umas tantas léguas, buscar sua água meio barrenta em sua lata de zinco, por uma estrada morta de chão encarnado (vermelho). Logo volta Zé ao seu barraco e prepara sua boia, uma gororoba (comida de má qualidade) feijão meio encruado, temperado com pimenta malagueta, farinha e alfenim (tipo de rapadura).
Zé vai a luta não fica de flozô (atoa, sem fazer nada), vai ao seu pequeno roçado, capinar a terra seca. Na esperança de uma chuvinha, mandada por São Pedro, pra fazer seu alimento brotar, isso seria pau d´égua (legal). Enquanto labuta ao sol, certamente sonha com um pão sovado (de massa fina) e uma panelada (prato feito de tripa e bucho de boi).
Ao fim da tarde meio baqueado (fraco, triste), toma Zé o rumo de casa, ainda vai à baixa da égua nas brenhas, (lugar distante, difícil acesso), pegar uns gravetos de lenha seca, pra seu fogo atiçar. Já quase noite volta Zé de sua labuta, meio ingembrado (torto) cansado em sua inhaca (mau cheiro de sovaco), com seus gravetos de lenha no ombro. Na cabeça, um pensamento da melhor hora do dia, o seu lazer, uma dose de cachaça só pra ajudar a dormir, porque cu de cana (cachaceiro) ele não é.
Seu sonho atrelado à desesperança de um dia talvez, ter um futuro um cadim (pouco) melhor.
Cabra invocado (corajoso) esse Zé!
Lufague.
(Homenagem ao nordestino, cearense, sertanejo e seu linguajar).
(Homenagem ao nordestino, cearense, sertanejo e seu linguajar).
Assinar:
Postagens (Atom)

This obra by http://lufaguefreitas.blogspot.com/ is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License.
