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quinta-feira, 23 de abril de 2009

PODE A MORTE SER POÉTICA!

Diz o amigo menestrel: não há poesia em morrer!
Verdade, porém convém pensar...
Poética é a morte por sentença, natural
É morrer de morte morrida.

Poético é morrer quando...
A máquina de seu corpo,
Completamente oxidada pelo tempo
Já não tem serventia, nem conserto algum.

Poético é morrer por não...
Querer lidar como o cansado tédio,
o total esgotamento do entusiasmo,
Já então, muito envelhecido e nem tão bem utilizado.

Poético é morrer quando...
O coração em comum acordo com o cérebro,
Exauridos da labuta, unem-se em pulsar e ânsia
Num definitivo, digno ultimo suspiro.

Poético é morrer quando...
A vaidade faz parceria com a morte, por não suportar
O declínio de um perecivel corpo, vestido de uma pele fina
Desbotada, desidratada e plissada por rugas irreversíveis.

Poético é na ebriedade da morte
Sentir o cheiro das flores brancas,
O calor humano das velas acesas, em ultimas chamas
Flores e velas, companheiras de vida e morte.

Poético é pressentir sua chegada natural,
Na advertência de um ameno calafrio,
Sem temor algum, em reverência…
Num afetuoso sorriso de aceitação.

Poético é aceitar o percurso da vida
Como sendo o caminho lentamente suave,
Ao encontro do misterioso destino certo,à morte natural.
Qualquer outro tipo de morte é ultrajante!

Lufague









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