Enquanto criança, sou desesperança.
Fruto do sistema corrupto/injusto
Que indiferente macula-me o espírito
de cinza carvão e desencanto.
Em minha pueril submissão,
sou usada como fonte de recursos.
Até à exaustão roubam-me o ânimo
Em troca me oferecem a sobrevivência.
Sou filha da desorganização que explora,
Ou da comum exploração organizada.
Assim matam-me a meninice...
Meus sonhos estão perdidos nos canaviais.
Em forno quente, queima' minha puerícia,
o brilho dos olhos, minhas lúdicas fantasias.
Inexperta, não consigo entender...
Todas as minhas prerrogativas esquecidas.
Na inclemência de algum pseudo estatuto.
...assim, no acaso da desventura sigo na vileza do tempo,
na crueldade da vida, na desumana incivilidade.
Lufague
21/03/2014